define('DISABLE_WP_CRON', true); Sobre Cuba | Sandra Pontes


Depois de passar 12 dias na tão famosa ilha de Fidel (e hospedada em casa de moradores, e não em hotéis “chiques”), acho que podemos desmistificar algumas lendas e mentiras que tantos gostam de propagar pela Internet sem nem saber ao certo onde fica o país.

Leia com o coração e mente abertos. Esqueça o preconceito e, se for racista, acho que o texto não será muito interessante a você.

Após a revolução, que destituiu o ditador militar Fulgencio Batista (aliás, período onde vários países latino-americanos foram massacrados pela ditatura militar) Fidel declarou Cuba livre. Fidel construiu um grande país, paulatinamente e com empenho. Mas (de boa… Não sou fã dos EUA e sua política “nós somos os melhores do mundo e o resto é só um monte de m…da”) os Estados Unidos, ao impor os embargos comerciais (e políticos, não é??) à ilha, todo o trabalho de educação, fortemente defendido por Fidel e Guevara, foi implodido pela necessidade de alimentar a família.
Não bastasse José Marti conseguir a liberdade da ilha sob o comando da Espanha, Fidel e seus aliados lutaram para libertar o país do julgo militar e tinham sonhos de grandeza para a nação e desenvolvimento do país.

Mas os EUA barraram…

Hoje, a ilha possui um grande investimento educacional. Todos estudam. Escolas e universidades gratuitas.

A saúde também recebe grande investimento. Vimos um complexo de hospitais dedicados à cardiologia que espanta pelo tamanho, prédios… E todos têm acesso.

Mas não são somente flores sob o patriarcado de Fidel… Graças ao embargo comercial – que Obama estava sinalizando como extinto e o palhaço atual derrubou – Cuba ficou limitada ao que poderia produzir e o que poderia receber de países (geralmente Rússia) para alavancar a agricultura, pecuária e indústrias.

O que temos hoje são profissionais graduados e que não podem exercer a profissão por falta de mercado interno ou pior: os baixos salários.

As casas são doadas pelo governo. Aos moradores cabe uma pequena mensalidade e a manutenção. Mas isso fica difícil para uma família que, muitas vezes, recebe salários em torno de US$ 30.00. Por isso muitos imóveis estão em precário estado de manutenção, muitos deteriorando por falta de investimento.

Me perguntaram no Facebook se andei pelos locais “não turísticos”. Bom… Eu “morei” em dois bairros não turísticos – Boca de Camarioca (em Matanzas, perto de Varadero) e em Vedado, Havana – e caminhei por outros tantos. Ninguém, NINGUÉM tentou me assaltar. Há sempre um golpistazinho aqui e ali, mas são poucos e identificáveis.

Caminhávamos tranquilamente até um restaurante para jantar em ruas pouco iluminadas, mas a segurança é total.

O povo é educado – alguns são marrentos e não te atendem bem (leia-se péssimo atendimento, principalmente do rapaz da loja de café na Plaza Vieja, em Habana Vieja), mas onde é que não existem os chatos e preguiçosos?? – solícito e sorridente. E são totalmente misturados. Negros, brancos, mulatos… Andar em Cuba é como andar no Brasil. Ali o racismo, se existe, é muito, muito, muito restrito e silencioso. Há uma convivência pacífica e sem ofensas por causa de cor ou raça. Assim como é com a religião. Há igrejas católicas, templos, mesquitas e muitas mães e pais de santos (sim, o povo negro levou a umbanda à Cuba) andam calmamente pelas ruas, com suas roupas brancas e guias no pescoço. O país luta contra homofobia e violência à mulher. Vários cartazes e outdoors populam as ruas lutando contra essas aberrações.

A comida é também muito parecida com a nossa, menos na carne de “res” (boi). Há muito pollo (frango), cerdo (porco), camarones, lagostas e pescados. A pecuária bovina é pouco difundida, pois é necessário um grande pasto. Como a ilha não é grande e tem uma topografia complicada é mais fácil plantar que cuidar de gado. Aliás, piña é a fruta da ilha, assim como a “fruta boba” (mamão papaya e o nosso “formosa”), banana, laranja… Há tomate, cebola, feijão preto, arroz, yuca (mandioca), alface para as ensaladas… Você come muito bem pagando pouco. Um prato com camarão, arroz “blanco”, papas (batatas) fritas ou yuca e salada vai te custar uns 7, 8 CUC (Peso cubano conversível, equiparado ao valor do dólar americano).

Ahhhh… O rum! O rum é um dos carros chefes da ilha, assim como a deliciosa cerveja Bucanero e os famosos charutos e café. Com rum você faz Piña Colada, Daiquiri (por favor! Tomar no La Floridita, ao lado da estátua de Ernest Hamingway), a Cuba Libre e o Mojito (que PRECISA ser tomado no La Bodeguita del Medio!).
Caminhe pelo Melécon, a grande calçada à beira-mar, com uns 7 km de extensão, passeie pela Calle O Bispo, conheça o Capitólio, ande calmamente por Habana Vieja, conheça a Câmara Oscura, na Plaza Vieja… Assista ao “canhonaço” na Fortaleza de San Carlos de la Cabaña. Ocorre todas as noites, pontualmente às 21hs, quando um tiro de canhão é disparado frente aos turistas. Não perca os shows. Assista a uma partida de basebol, esporte amado no país. Mas você certamente encontrará garotos jogando futebol em campinhos ou na rua, mesmo. Aliás, na rua em que ficamos a tarde de sábado é de uso da garotada. Futebol, basebol, patins, skate… Criança brincando na rua é raro aqui, não???
As praças com wi-fi são uma atração à parte: são onde os cubanos podem ter acesso mais livre à Internet. Conversamos com dois cariocas que nos acompanharam até o La Floridita que acham que o problema maior em Cuba é o uso de satélites (poucos) para a conexão.

Mas a pergunta que martelou dias em minha cabeça foi feita por um dos assistentes de nossa hostal: “você moraria em Cuba?”.
Então…
Só há uma forma de eu morar na ilha: se eu contrair matrimônio com um cubano. E essa palavra me causa diversos efeitos alérgicos!
Fora a brincadeira, eu respondi com verdade: não. Não conseguiria abrir mão do que eu tenho hoje, minha casa, meus filmes amados, um bom churrasco, hipermercados, um venenoso hambúrguer do BK, um bom yakissoba, linguiça toscana, presuntinho fatiado, queijo parmesão e mussarela (já disse que me recuso a escrever com ‘ç’!!). O que me assustou um pouco foram as prateleiras de mercados. Sempre vazias… Não sei se eu, que só frequentei mercado de bairro, perdi algum maior ou se não há mesmo isso na ilha.

De qualquer forma, a viagem foi muito boa! Os cubanos estão no inverno, marcados por um vento constante (onde a energia eólica seria muito bem vinda), uma temperatura muito agradável (até um friozinho bem vindo!) o que nos deixou aproveitar bem os passeios. Os moradores dizem que o verão é bem complicado: sem uma brisa, com temperaturas altas e ar irrespirável.

Se eu voltaria?? Com toda a certeza do mundo! Cuba te recebe com os braços abertos. E, se for se hospedar em casa de algum morador, seja simpático e leve um “regalo” (um presente). Pergunte o que gostaria de receber, pois muitas coisas não chegam a Cuba. E divirta-se.

Caso seja meu amigo no Facebook aproveite para olhar o álbum de fotos com Boca de Camarioca, Varadero e Havana.

® TEXTO REGISTRADO. PROIBIDA REPRODUÇÃO SEM PRÉVIA AUTORIZAÇÃO. SUJEITO ÀS PENALIDADES PREVISTAS NA LEI 9.610/98 DE DIREITOS AUTORAIS.
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