
Muitos sabem que estou desempregada há mais de um ano. Essa situação me força, invariavelmente, a conter gastos, que incluem cinema, shoppings, restaurantes, teatros. Já é uma quarentena forçada para reduzir as despesas.
Mas uma pizza no sábado é meio que ritual… Como boa brasileira.
Nesses 16 meses meu mundo virou 180°. Minha filhotica se foi, meu emprego se foi, minha mãe está com minha irmã e eu me vi num turbilhão de sentimentos: medo, tristeza, raiva, revolta, pânico, depressão, esperança. Tudo junto e misturado.
Não costumo falar em religião por ser um assunto íntimo e controverso. Nasci numa família espírita, mas meu coração bate junto com os atabaques da umbanda. Sou filha de Ogum, meu grupo espiritual é formado por um preto velho, um índio (o chefe da moçada) e um estagiário… rsrsrsrs. Porém meu pé no espiritismo me permite orar por Joanna de Angelis, ler a oração de Bezerra de Menezes, estudar as obras de Alan Kardec e Chico Xavier. Tenho me empenhado em minha reforma íntima; raro eu discutir com alguém; não falo mais palavras de baixo calão (palavrões); não assisto mais novelas nem telejornais, buscando ler ou assistir filmes; faço relaxamento guiado antes de dormir, todas as noites. Hoje, sexta, é dia de eu acender minha vela, pegar minhas guias e orar. Orei pelo país. Pelos médicos, pela população, pela minha família.
Estou numa quarentena de emoções básicas e baratas e tentando mudar. Realmente mudar. Claro que houveram (e haverão) escorregadas, palavras que deveriam ser suprimidas, mas os últimos seis meses têm sido de realmente me mudar como pessoa.
Então chegou o COVID-19. Parecia tão distante lá na China… E nós já temos dengue, chikungunya e zika (essa última eu tive e não foi nada bom!!!)… Para que outra? Nosso desgoverno mal dá conta do que já temos!
Mas hoje ela bateu. Não comigo ou com alguém da minha família. Por Deus, não!!! Minha mãe está com 91 anos!!!!!!
Ela bateu quando eu li o depoimento de uma médica, amiga da minha irmã: ‘Vamos entrar em cenário de guerra muito antes que a Itália. Talvez não o Brasil todo, mas o estado de São Paulo sim, pois somos o estado com maior número de casos confirmados e óbitos. Nossos hospitais particulares já estão colapsando. A UTI separada pelo Hospital das Clínicas exclusivamente pra covid-19 já está lotada. Já estão começando a usar os leitos do Incor. Já não temos leitos disponíveis. Os grupos de maior risco continuam sendo idosos e pessoas com doenças de base, como cardíacos e diabéticos, asmáticos, hipertensos.’
A ficha finalmente caiu. Temos só 3 máscaras porque o pessoal egoísta resolveu comprar por quilo. Hoje vi uma mulher usando máscara só na boca. Do outro lado da rua. E eu falei que tinha que cobrir o nariz. Esse tipo de pessoa, de modinha, que acaba com o estoque e nem sabe usar. Encomendei pela Amazon, mas só chega no começo de abril.
Ontem fiz uma lista do que temos de carnes e colei na porta do freezer, para poder controlar melhor o que cozinhar sem desperdício. Faço compra uma vez por mês. Esse já foi, com a ajuda da minha irmã, porque vendi meu carro. Em abril será online. Não saio. Só para buscar meus remédios de uso contínuo e que necessita ser presencial.
Salve Netflix e Amazon Prime! Amo vocês!!
Mal-vindo COVID-19.
Espero que você deteste os trópicos e suma tão rápido quanto apareceu. Nem convidado foi…
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Comments
This entry was posted on Friday, March 20th, 2020 at 11:22 pm and is filed under Coisa de Mulher. You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0 feed. You can leave a response, or trackback from your own site.
Força aí, menina.
Não está fácil, mas eu tenho fé que vai melhorar.
Beijos